Misto de "alegria e dor" por ser único sobrevivente

Paulo Jorge Teixeira, 37 anos, admitiu "alguma imprudência" do timoneiro ao ir para alto mar com vagas de 3 metros 
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Um misto de "alegria e dor". Foi assim que o único sobrevivente do naufrágio, que ocorreu esta semana, ao largo de Aveiro, confessou ao DN sentir relativamente ao que viveu nos últimos dias. "Alegria" porque se salvou, mas "dor" porque não conseguiu salvar os companheiros.

Paulo Jorge Teixeira, de 37 anos, conta que o amigo Arlindo Monteiro, de 48 anos, lhe morreu "nos braços", antes de o filho deste, André, de 21 anos, também ter desaparecido nas águas do mar, depois de ainda ter tentado resistir. "Fiz tudo para que vivessem", confessou, acrescentando recear "não ser compreendido por uma mulher e mãe que perde os entes queridos".

Ontem à tarde, mergulhadores da Armada resgataram, a 50 metros de profundidade, o corpo de um dos quatro pescadores desportivos que desapareceram domingo de manhã em alto mar. Era Pedro Rodrigues Neves, de 51 anos, residente na Pampilhosa, Mealhada. Fiel de armazém de profissão, deixa dois filhos menores. O corpo de Pedro encontrava--se no interior do barco de recreio Super Águia 2, localizado e filmado quarta-feira a 13 milhas a noroeste de Aveiro. Apesar de não ter informação de corpos na altura, a Marinha decidiu, no âmbito das buscas, voltar ao local para despistar dúvidas, mas estão ainda por encontrar os outros três tripulantes. O vento forte que se fazia sentir poderá ter desencadeado sucessivas vagas de mar que inundaram o barco. O Super Águia 2 afundou "rápido" sem dar tempo para pedidos de socorro. O proprietário da embarcação, António Carrancho, estava na proa, quando se deu o incidente.

Paulo Jorge Teixeira, que é considerado por outros pescadores como um profissional experiente e muito cuidadoso, admitiu ter havido "alguma imprudência" do timoneiro, ao "correr o risco" de sair para alto mar "com vagas de três metros e meio". O sobrevivente agarra-se com força aos dois filhos, um deles bebé, com três semanas, tal como fez à balsa flutuadora que lhe permitiu ficar à tona de água durante 19 horas. O seu peso, cem quilos, e a muita roupa que trazia no corpo ajudaram-no a aguentar o frio. Paulo Teixeira foi resgatado, por casualidade, pelas 04.20 de segunda-feira, por pescadores de Matosinhos.

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